Mês: Novembro 2011
Se, se, e se?!
Tantas vezes navegamos na hipótese, tantas passeamos nas conjecturas e nas ideologias e nas possibilidades, mas nunca paramos para pensar que de facto de nada nos serve.
Somos, reconhecidamente, um povo de ses, de, e se, de, ai se, e de quem me dera…
E isso faz-nos simultaneamente ser um povo de sonhos, e um povo que não os persegue…
Dentro do fatalismo crónico que nos pinta a alma, conseguimos sorrir cada vez menos, conseguimos querer cada vez mais, mas também conseguimos ser cada vez mais… burros!
Vivemos com o que não temos, e queremos sempre o que têm os outros, caminhamos sobre brasas, mas não lhes deitamos água, ao invés disso, tiramos os sapatos, e andamos mais devagar.
Qual o melhor conselho para darmos a nós próprios?
Já nem sei.
Vivemos numa terra com problemas de visão, de audição, de olfacto, de tacto… de tudo e mais alguma coisa.
Mas temos sol, cerveja, tremoços, camarões de espinho, vinho do bom, futebol, Fátima, Algarve, Madeira, Açores e tanto mais.
Ora o que fazer perante uma balança tão desequilibrada, que deixa a alma prostrada, a vida amaldiçoada, a cabeça mais pesada, a vista cansada, a sola dos pés queimada, a gasolina refinada, a chávena escaldada, a canção desencantada, e a guarda rebaixada?
Nada?
Nada… disso.
Fecha os punhos, cerra os dentes, levanta os olhos, olha em frente, vê mais longe, vê mais alto, sonha muito mas a prazo, conta trocos, lembra-te, nada vem por acaso.
Deus é meu, é teu, é nosso, mas não lhe peças mais do que ele por ti pode fazer, o Senhor só tem dois braços, e também tem de descansar, como podes tu pensar que ele só a ti tem de ajudar.
Tem calma, respira, visualiza, não desarmes, não desistas, acredita, mas trabalha meu malandro, trabalha, que só assim podes ser alguém.
É o trabalho que distingue o homem da besta.
E para besta já basto eu, que venho para aqui com a mania que consigo ordenar da forma certa, as palavras que me vêm à cabeça, mas até isso dá trabalho.
Ou seja, até para ser besta se é preciso trabalhar, e muito, porque senão confundir-te-ás com uma besta qualquer, e isso nunca.
Sou uma besta qualificada para tal, não façamos cá confusões.
Se queres ser besta, trabalha!
Estupidez é não ser nada
Vive, vivendo
Leves elas caiem, as gotas da imensidão no pensamento.
Leves e de tão leves que são não chegam sequer a molhar.
De tão leves que são não chegam sequer a pingar.
Serão gotas na verdade?
Será que caiem mesmo, ou se cirscuncrevem à sua humilde e mínima condição de só conseguirem ser alguém quando atacam em grande grupo.
Não é assim também o homem quando brinca com as palavras?
Só é verdadeiramente alguma coisa quando combina as palavras em aglomerados e dá forma a frases, a ideias, a pensares ordenados e encadeados, que assumem formas distintas.
Somos seres amaciados por palavras, com ideias bizarras que prendemos ao pés, tumultuosos encontros de almas duras, dos quais não nos conseguimos soltar.
Mas a vida é tanto e tão mais.
A vida é feita de eternos ideais, completos ou banais, que no fundo não são mais do que tentativas tantas de acreditar no amanhã melhor que o hoje e tão bom como tantos ontens.
Vamos emobra um dia, todos sem excpeção, que levaremos nós da vida, para além de uma enorme recordação?
Levamos as gentes, as palavras, sim as palavras, e levamos imagens, cheiros, granadas aos bisbilhoteiros, e sons de uma vida inteira.
Porque a vida é feita para ser vivida e tudo o resto para ser olhado.